À sombra deste cedro venerando,
momentos mil gozaste encantadores…
Aqui mesmo, sentado entre os verdores,
te achou mil vezes Pedro suspirando…
Parece-me que estou ‘inda escutando
teus suspiros, teus ais e teus clamores…
Parece-me que a Fonte dos Amores
‘inda está de queixosa murmurando!...
Aqui viveu Inês!...E, reclinada
à borda desta fonte clara e pura,
foi – que horrível memória! – traspassada!
Mortais, gemei de mágoa e de ternura;
nesta rara beleza, não manchada,
foi culpa amor, foi crime a formosura…
José da NATIVIDADE SALDANHA nasceu em Santo Amaro do Jaboatão (PE) a 8 de Setembro de 1795 e morreu exilado em Bogotá, capital da Colômbia, em 30 de Março de 1830. Mestiço, era filho de padre e de mãe mulata. Formado em Direito (1823) pela universidade de Coimbra. Ainda estudante, publicou «Poesias dedicadas aos amigos e amantes do Brasil» (1822). Em 1824, condenado à morte por envolvimento na revolução pernambucana da Confederação do Equador, fugiu para os Estados Unidos da América do Norte e daí para França, Inglaterra, Venezuela e Colômbia, onde viveu precariamente de aulas particulares até se afogar numa vala, num dia de tempestade. Entretanto, publicara um «Discurso sobre a Tolerância» (Caracas, 1826). Mais do que um pre-romântico, foi um epígono retardatário do Arcadismo.
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
Ler do mesmo autor:
Soneto: Os teus olhos gentis encantadores...
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