Foi uma das figuras mais importantes do cinema português. Produziu filmes como “Aniki-Bóbó”, de Manoel de Oliveira, e “O Pátio das Cantigas”, realizado pelo seu irmão, Francisco Ribeiro - o popular actor Ribeirinho. Foi produtor e realizador de “O Pai Tirano” (1941), «para muitos a mais perfeita das comédias portuguesas, uma feliz combinação de teatro e cinema, com um humor que tem resistido ao passar do tempo». e de "A vizinha do lado" (1945). Não se dedicou apenas a um género demonstrando versatilidade. Adaptou vários clássicos da literatura portuguesa, como “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, “Frei Luís de Sousa” de Almeida Garrett e Primo Basílio de Eça de Queiroz. António Lopes Ribeiro fez ainda vários documentários que lhe viriam a causar dissabores depois do 25 de Abril, por serem de propaganda ao Estado Novo. Foi um homem muito activo: escreveu sobre futebol, fez rádio, actuou no teatro. Também as pessoas que o viram não o esquecem como apresentador do programa da RTP “Museu do Cinema”, em que apresentava filmes mudos, popularizando o famoso Charlot.
Deixemos aqui os leitores com a declamação por João Villaret do poema Procissão de António Lopes Ribeiro
Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o solidó.
Quando o regente lhe acena com o braço,
Logo o trombone faz popó, popó.
Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole.
Trazem ao ombro brilhantes machados,
E os capacetes rebrilham ao sol.
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos.
E o mais pequeno perdeu uma asa!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
Pelas janelas, as mães e as filhas,
As colchas ricas, formando troféu.
E os lindos rostos, por trás das mantilhas,
Parecem anjos que vieram do Céu!
Com o calor, o Prior aflito.
E o povo ajoelha ao passar o andor.
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de Nosso Senhor!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Já passou a procissão.
Vidé:
Biografia no site do Instituo Camões/ Centro e Língua Portuguesa na Universidade de Hamburgo
Biografia na RTP1
António Lopes Ribeiro na IMDB
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