George Agostinho Baptista da Silva nasceu no Porto em 13 de Fevereiro de 1906 e faleceu em 3 de Abril de 1994, ou seja há 14 anos.
Licenciado em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto com 20 valores, estudou também na Sorbonne e no Collège de France. Após o seu regresso em 1933, lecciona no ensino secundário em Aveiro até ao ano de 1935, altura em que é demitido do ensino oficial por se recusar a assinar a Lei Cabral, que obrigava todos os funcionários públicos a declararem por escrito que não participavam em organizações secretas (e como tal subversivas.
Viveu no Brasil de 1947 a 1969, exilado no seguimento da sua oposição ao Estado Novo, na altura conduzido por Salazar. Lá participou na fundação de universidades e centros de estudo, sobretudo fora dos centros urbanos: a Universidade Federal de Paraíba, a Federal de Santa Catarina, a Universidade de Brasília, o Centro de Estudos Africanos e Orientais da Universidade Federal da Baía.
«A primeira condição para libertar os outros é libertar-se a si próprio; quem apareça manchado de superstição ou de fanatismo ou incapaz de separar e distinguir ou dominado pelos sentimentos e impulsos, não o tomarei eu como guia do povo; antes de tudo uma clara inteligência, eternamente crítica, senhora do mundo e destruidora das esfinges; banirá do seu campo a histeria e a retórica; e substituirá a musa trágica por Platão e os geómetras. Hei-de vê-lo depois de despido de egoísmo, atente somente aos motivos gerais; o seu bem será sempre o bem alheio; terá como inferior o que se deleita na alegria pessoal e não põe sobre tudo o serviço dos outros; à sua felicidade nada falta senão a felicidade de todos; esquecido de si, batalhará, enquanto lhe restar um alento, para destruir a ignorância e a miséria que impedem os seus irmãos de percorrer a ampla estrada em que ele marcha».
Agostinho da Silva é dos mais paradoxais pensadores portugueses do século XX. O tema mais candente da sua obra foi a cultura de língua portuguesa, num fraternal abraço ao Brasil e aos países lusófonos. Era também um patriota defendendo que a História de alguma forma se repetia e defendia que Portugal voltará a ter um papel de grande importância no Mundo como já teve.
Passou a ser mais conhecido após uma série de programas televisivos, em que surpreendia pela irreverencia e ao mesmo tempo normalidade das suas ideias. Não sei se faleceu sem número de contribuinte, mas o filósofo do «ideal dos três esses: sustento, saber e saúde» desapareceu faz hoje catorze anos!
Entrevista com Agostinho da Silva
Recordemo-lo numa das suas «Conversas Vadias», aqui com o jornalista Adelino Gomes
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