No aniversário da morte do poeta:
Dia parado entre nevoento e enxuto.
A natureza como semimorta.
Quanto aos vencidos, Musa, desconforta
esta infinita sugestão de luto!
Quanto a mim, de minuto por minuto,
ouço alguém... Alguém bate à minha porta...
Quem é? Quem sabe? Uma saudade morta,
cousas tão d’alma que eu somente escuto.
Nesta indecisa solidão sombria,
sem cor, sem som, meio entre a noite e o dia,
com que a morte a tudo, a tudo assiste...
como que pela Terra desolada,
a consciência universal do Nada
deixa um silêncio cada vez mais triste...
A natureza como semimorta.
Quanto aos vencidos, Musa, desconforta
esta infinita sugestão de luto!
Quanto a mim, de minuto por minuto,
ouço alguém... Alguém bate à minha porta...
Quem é? Quem sabe? Uma saudade morta,
cousas tão d’alma que eu somente escuto.
Nesta indecisa solidão sombria,
sem cor, sem som, meio entre a noite e o dia,
com que a morte a tudo, a tudo assiste...
como que pela Terra desolada,
a consciência universal do Nada
deixa um silêncio cada vez mais triste...
António Joaquim PEREIRA DA SILVA
Nasceu em Araruna (PB) a 9 de Novembro de 1876 e faleceu no Rio de Janeiro a 11 de Janeiro de 1944. Estudou na Escola Militar da Praia Vermelha (RJ), donde foi transferido para o Paraná. Aqui, ligou-se aos simbolistas. Depois, no Rio, dedicou-se ao jornalismo e formou-se em Direito. De regresso ao Paraná, foi promotor público. Novamente no Rio, tornou-se funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil. A sua poesia evidencia pessimismo, tristeza, solidão, nostalgia, mágoa, desencanto, dor e morte. A sua principal obra é a «Senhora da Melancolia» (1928).
Poema e nota bibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria É a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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