Sempre que leio nos jornais:
"De casa de seus pais desapar'ceu..."
Embora sejam outros os sinais,
Suponho sempre que sou eu.
Eu, verdadeiramente jovem,
Que por caminhos meus e naturais,
Do meu veleiro, que ora os outros movem,
Pudesse ser o próprio arrais.
Eu, que tentasse errado norte;
Vencido, embora, por contrário vento,
Mas desprezasse, consciente e forte,
O porto de arrependimento.
Eu, que pudesse, enfim, ser eu!
- Livre o instinto, em vez de coagido.
"De casa de seus pais desapar'ceu..."
Eu, o feliz desapar'cido!
in Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro - 3ª Edição
Porto 2001 Capital Europeia da Cultura - Assírio & Alvim
Carlos Queiroz(n. Lisboa, 5 de abril de 1907, m. Paris, 27 de outubro de 1949)
Sem comentários:
Enviar um comentário