O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.
Espero-te antes de haver vida
e és tu quem faz nascer os dias.
Quando chegas
já não sou senão saudade
e as flores
tombam-me dos braços
para dar cor ao chão em que te ergues.
Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta água no lábio
para aplacar a tua sede.
Envelhecida a palavra,
tomo a lua por minha boca
e a noite, já sem voz
se vai despindo em ti.
O teu vestido tomba
e é uma nuvem.
O teu corpo se deita no meu,
um rio se vai aguando até ser mar.
in " idades cidades divindades"
António Emílio Leite Couto, que usa o pseudónimo literário de Mia Couto, nasceu na Beira, em Moçambique, em 5 de julho de 1955
2 comentários:
Linda poesia que me encantou, parabéns.
OLÁ FERNANDO
Há dias de mais nostalgia e hoje é um deles.
Ando para aqui a relembrar o passado e tu fazes parte do meu passado
dos tempos da Blogosfera
que eu NUNCA ABANDONEI
mas a grande maioria abandonou.
Vim visitar-te
e foi tão bom reler MIA COUTO
meu grande amigo e vizinho da minha adolescência!
SIM é verdade
conheci o Mia quando ambos tinhamos os nossos 14 anos
viviamos na mesma rua, vizinhos
quando nenhum de nós imaginava as voltas que a Vida dá.
Gosto de o ler mais em poesia do que em prosa.
O amor nos condena!
Oh se condena...
Tem toda a razão.
António Emílio Leite Couto, que desde sempre o chamo por Mia
nasceu na Beira, em Moçambique, em 5 de julho de 1955
e eu nasci na Beira, em Moçambique, em 19 de abril de 1955
ou seja
sou mais velha que ele
apenas 2 meses e meio.
Beijinho da Tulipa
(espero a tua visita)
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