Amor, morte, poesia, política, actualidade, futebol, efemérides, solidão, paz, humor, musica...tudo e nada; Here we talk about life, love, death,
On this day in History, poetry, politics, football (soccer), solitude, peace, humour, music ... nothing and all.
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2018-04-05
ILUSÕES QUE EU AMEI... - Augusto Lima
bonançosa esperança, esmeraldino mar,
em que vogou meu berço à viração querida
de suspiros de amor; ó aves de meu lar,
jardins que alimentou a carícia materna;
flores que desfolhei, cantando e rindo à luz
de aurora fulgurante e que eu julgava eterna!
Um momento deixai vossos nimbos azuis,
onde, há muito, dormis, e vinde, em revoadas,
robustecer-me a crença, encher-me o coração,
deslumbrar-me na luz de vossas alvoradas
e povoar, enfim, a minha solidão.
Multiplique-se em vós minha, alma a cada passo,
como a cor no cristal prismático do espaço,
e aura em vossa memória o intrépido vigor,
para sempre me achar, valente lutador,
da vida social na porfiada liça,
ao lado do dever e ao lado da justiça.
Vós sois o meu passado e sois o meu porvir,
ensinando-me o Bem e dando-me a sentir
a eterna aspiração, que o ontem nunca perde;
porque é a própria Esperança o grande pendão verde,
atrás do qual desfila o exército vital
das almas à conquista augusta do Ideal.
Extraído de
Poesias / de Augusto de Lima. – Rio de Janeiro : ABL, 2008.
282 p. : retr. ; 21 cm. – (Coleção Afrânio Peixoto ; nº. 82
Antônio Augusto de Lima (n. Nova Lima, então Congonhas de Sabará, Minas Gerais, Brasil, a 5 de abril de 1859; m. Rio de Janeiro, 22 de abril de 1934)
2018-04-03
O SONO - Bueno de Rivera
Inútil fechar com violência as portas. Virá o sono.
A mão impassível cerrará as pálpebras,
Então murcharás como um fruto imprestável.
O abandono cruzará os teus braços no peito,
Os dedos acenderão as velas.
Virá o grande sono, chumbará teus pés.
Quando o sino da manhã chamar, não existirá mais.
Na bruma se apagarão os telefones,
Os recados aflitos, as horas marcadas, os negócios.
O relógio do escritório se diluirá no mundo longínquo dos vivos.
O sono pousará na tua fronte
E acenderá um sonho novo no teu profundo esquecimento.
in O Mundo Submerso
Odorico Bueno de Rivera Filho, mais conhecido por Bueno de Rivera (nasceu a 3 de abril de 1911 em Santo Antônio do Monte, Minas Gerais — m. 25 de junho de 1982, Belo Horizonte)