Nasce a manhã em teu cabelo ruivo
Palácio de perfume e pedrarias
E, Salomés acariciando as pômas
As nossas línguas ungem-se de aromas
Para o baile sagrado das orgias!
II
Sol a prumo em teus seios de férias
Alcova ideal de sádicas sereias.
E em batalhas voluptuais, violentas
As nossas línguas, húmidas, sangrentas
Sorvem um mel de cálidas colmeias
III
A tarde ajoelha no teu ventre liso
Jardim da perfumada Berenice,
Aonde as nossas línguas incendidas
Adormecem, cansadas e doridas
Num sonho de fantástica meiguice!
...Jardim da tua carne de Belkiss.
in Contemporânea, 3ª. Série, nº. 2, 1926
António de Cértima (António Augusto Gomes Cruzeiro, nasceu a 27 de Julho de 1894, no lugar da Gesta, Freguesia de Oiã, Concelho de Oliveira do Bairro; faleceu no Caramulo a 20 de Outubro de 1983)
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