No obscuro as mãos e só as mão, as puras
extremidades da matéria, as graves
e silenciosas, deambulantes formas,
as flores estranhas que pela noite sobem
com o seu peso de amargura e esperança,
modelando um sopro, um hálito, uma leve
flutuação da luza que é o suporte
da alma gasta pelas horas lentas.
No obscuro as mãos, trémulas, vivas,
asas buscando o corpo e o espaço,
densas flutuando, o reprimido
voo erguendo além dos olhos
até onde um toque subtil desgarre
a fonte oculta, o resplendor de um rosto.
José Terra é o pseudónimo de José Fernandes da Silva, nascido a 24 de maio de 1928 em Prozelo, no concelho de Arcos de Valdevez, faleceu em Paris, 17 de janeiro de 2014.
Sem comentários:
Enviar um comentário