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2017-04-18

Mors-Amor - Antero de Quental

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Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce,
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente,
Formidável, mas plácido, no porte,
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a Morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

Antero Tarquínio de Quental nasceu em Ponta Delgada (Açores) a 18 de abril de 1842 e suicidou-se na mesma cidade da ilha de São Miguel a 11 de setembro de 1891. Estanciou em Coimbra de 1858 a 1864 e aí obteve a formatura em Direito. Romanticamente anti-romântico, deu origem, em 1865, à famigerada Questão Coimbrã (polémica contra o Ultra-Romantismo) e promoveu, em 1871, as Conferências do Casino Lisbonense (proibidas pelo governo de então). Viajou até Paris em 1866 e até à América em 1869, além de se deslocar por várias vezes entre o seu arquipélago natal e o continente. Residiu em Vila do Conde de 1881 a 1890. Poeta e filósofo, foi o grão-mestre da chamada Geração de '70. Física (gastroplegia), psíquica (nevrose maníaco-depressiva) e metafisicamente (pessimismo) doente, o «génio que era um santo» teve o fim trágico que era de prever. A sua principal obra poética são os «Sonetos» (1886).

Nota biobliográfica extraída de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

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