Páginas

2017-01-11

Vigílias (I) - Al Berto

Janela para o mar Janela para o mar imagem daqui

quando aqui não estás
o que nos rodeou põe-se a morrer

a janela que abre para o mar
continua fechada só nos sonhos
me ergo
abro-a
deixo a frescura e a força da manhã
escorrerem pelos dedos prisioneiros
da tristeza
acordo
para a cegante claridade das ondas

um rosto desenvolve-se nítido
além
rasando o sal da imensa ausência
uma voz

quero morrer
com uma overdose de beleza


e num sussurro o corpo apaziguado
perscruta esse coração
esse
solitário caçador


extraído de Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Um panorama, organização de Alberto da Costa e Silva e Alexei Bueno, Lacerda Editores

Alberto Raposo Pidwell Tavares - Al Berto (nasceu em Coimbra a 11 de janeiro de 1948; m. em Lisboa a 13 de junho de 1997.

Sem comentários:

Enviar um comentário