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2016-11-24

Poema das Coisas Belas - António Gedeão (na passagem do 90º aniversário...)

Pôr do Sol

As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivos serão belas?
E belas, para quê?

Põe-se o Sol porque o seu movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?

in Poesia Completa Antonio Gedeão, Edições João Sá da Costa, Lisboa

António Gedeão (pseudónimo de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho) n. Lisboa, 24 de novembro de 1906; m. Lisboa, 19 de fevereiro de 1997)

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