que, em seus lapidares versos musicais,
traduziu as queixas e Petrarca e a Tasso
dum amor funesto recolheu os ais,
foi para Camões o virtual regaço
em que derramopu os prantos imortais
que verteu, proscrito dos salões do Paço,
duns olhos cativo, aoseu amor fatais.
Já voz portuguesa, a alma lusa encanta,
Bocage o consagra e Antero o levanta,
num dantesco arrojo de alta inspiração;
e a Graça e a Beleza de forma e conceito
cantam a embalá-lo como a um berço feito
para acalentar sonhos do coração.
Álvaro de Castro Araújo Cardoso Pereira Ferraz, 3º visconde de Castelões(Famalicão), nasceu no Porto a 1 de Abril de 1859 e faleceu na mesma cidade a 9 de Julho de 1953. Formou-se em Engenharia pela Escola Politécnica de Lisboa. Fez parte de uma missão enviada a Moçambique, em 1889, para estudar o traçado de uma linha férrea que ligasse a parte alta à parte baixa do rio Chire, afluente do Zambeze, salvando as cataratas, mas como entretanto tivesse ocorrido o Ultimatum inglês contra o «mapa cor de rosa», Álvaro de Castelões, à frente de um punhado de landins, destroçou os indígenas sublevados por agentes britânicos, no combate de Mupassa, o que lhe valeu ser considerado «benemérito da Pátria» pelo Parlamento Português, na sessão de 15 de Agosto de 1891. Foi director fiscal do Caminho de Ferro de Mormugão, director das Obras Públicas na Índia portuguesa e director, na Metrópole, dos caminhos de ferro do Minho e Douro. Conviveu, entre outros, com João de Deus, João Penha, Gonçalves Crespo, Gomes Leal, Guerra Junqueiro, Marcelino Mesquita, António Feijó, Júlio Brandão e Campos Monteiro. Foi membro da Sociedade de Geografia de Lisboa e sócio honorário da A.J.H.L.P. Colaborou em várias publicações, nomeadamente na «Revista de Portugal» de Eça de Queirós, com um artigo sobre «A Questão Colonial», em 1892. Editou: «Beijos e Rosas» (1891), «Do Soneto Neo-Latino» (1930), «O Sonho do Infante D. Henrique» (1936), «A Amorosa Canção» (1944), «Rimas Orientais» (1945) e «Dicionário de Rimas» (1951).
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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