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2016-02-04

Aflição de ser eu e não ser outra - Hilda Hilst


Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha

Objeto de amor, atenta e bela.

Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.

Hilda Hilst, nasceu na cidade de Jaú, interior do Estado de São Paulo, em 21 de abril de 1930 e faleceu no dia 04 de fevereiro de 2004, na cidade de Campinas (SP).

Ler da mesma autora, neste blog:
Poemas aos homens do nosso tempo
O Poeta Inventa Viagem, Retorno e Morre de Saudade
Do Desejo III

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