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2016-01-05
SONETO IX de A VIDA SOLITÁRIA - Manuel Botelho de Oliveira
Que doce vida, que gentil ventura,
Que bem suave, que descanso eterno,
Da paz armado, livre do governo,
Se logra alegre, firme se assegura!
Mal não molesta, foge a desventura,
Na primavera alegre, ou duro inverno,
Muito perto do céu, longe do inferno,
O tempo passa, o passatempo atura.
A riqueza não quer, de honra não trata,
Quieta a vida, firme o pensamento,
Sem temer da fortuna a fúria ingrata:
Porém atento ao rio, ao bosque atento,
Tem por riqueza igual do rio a prata,
Por aura honrosa tem do bosque o vento.
Manuel Botelho de Oliveira (n. Salvador, Bahia, 1636 — m. Salvador, Bahia, 5 de janeiro de 1711)
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