Doce Amor novo meu tão bem tomado
quando será o tão ditoso dia,
que dos enganos livre em que vivia,
me veja em ti de todo sossegado?
Quando será que, tendo triunfado
do que tão cegamente me vencia,
o mal, que tanto dantes me aprazia,
em verdadeiro bem veja mudado?
Amor doce, qu'em mim de novo crias
novo desejo, novo esp'rito e santo,
ilustrado de um novo lume raro,
guia-me àquele fim, que m'escondias,
muda esta minha noite em dia claro;
levantarei em teu nome alegre canto.
António Ferreira (Lisboa, 1528 -Lisboa, 29 de novembro de 1569)
in «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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