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2015-10-05
Vem, oh Noite Sombria - Cruz e Silva
Vem, oh noite sombria, e revolvendo
O longo açoite, que à carreira acende
As fuscas Éguas, sobre a terra estende
De sombras carregado o manto horrendo:
Vem: e as brancas papoilas espremendo,
Em letárgico sono os mortais prende;
Que a minha bela Aglaia hoje me atende,
A meu amor mil glórias prometendo.
Se às minhas vozes dás benigno ouvido,
Encobrindo com teu escuro manto
Os suaves delírios de amor cego;
Imolar-te prometo agradecido
Um negro galo, que em contínuo canto
Se atreve a perturbar o teu sossego.
in 'Antologia Poética'
António Dinis da Cruz e Silva (n. em Lisboa a 4 julho 1731, m. no Rio de Janeiro a 5 outubro 1799)
Do mesmo autor:
É esta porventura a praia amena
Que aziago que foi, que dia infausto
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