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2015-08-27

A LÁSTIMA - Alvarenga Peixoto

Na masmorra da Ilha das Cobras,
lembrando-se da família


Eu não lastimo o próximo perigo,
Nem a escura prisão estreita e forte;
Lastimo os caros filhos e a consorte,
A perda irreparável de um amigo.

A prisão não lastimo, outra vez digo,
Nem o ver iminente o duro corte;
É ventura também achar a morte
Quando a vida só serve de castigo.

Ah! quão depressa então acabar vira
Este sonho, este enredo, esta quimera,
Que passa por verdade e é mentira.

Se filhos e consorte não tivera,
E do amigo as virtudes possuíra,
Só de vida um momento não quisera.

Inácio José de Alvarenga Peixoto (Rio de Janeiro, 1 de fevereiro 1742/1744 — Ambaca, Angola, 27 de agosto 1792)

Do mesmo autor: Estela e Nize

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