Sonhei-te tantos anos! Tantos anos!
Eras o meu ideal de amor e de arte,
buscava-te a toda hora e em toda parte
nessa ânsia inexplicável dos insanos.
Enfim, vencida pelos desenganos,
como quem nada espera que lhe farte
a alma faminta, exausta de sonhar-te,
abandonei-me do destino aos danos.
Surges-me agora, em meio da jornada
da Vida: vens do Inferno ou vens da Altura?
- Não sei: mas de ti fujo, apavorada!
E, em lágrimas, minha alma conjetura:
uma felicidade retardada
quase sempre se torna desventura.
in "Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou", J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1963
Gilka da Costa de Mello Machado - Poeta brasileira nascida no Rio de Janeiro (RJ) no dia 12 de março de 1893, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), a 17 de dezembro de 1980.
Ler ainda da mesma autoria, neste blog:
Saudade
Lembranças
Esboço
Símbolos
1 comentário:
Oi, Fernando!
O amor como sempre "causando"!
A Vida dessa poetisa não foi fácil. Noutro dia estava lendo um trabalho realizado por um grupo de estudos feministas e educação para a igualdade de gêneros e tomei consciência da luta e perseverança que ela teve para publicar seus 11 livros.
"Ser mulher, e, oh! atroz, tentálica tristeza!/ ficar na vida qual uma águia inerte, presa / nos pesados grilhões dos preceitos sociais!"
Boas festas!!
Beijus,
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