E esse rebanho de bezerros, cedo
recomeça constante sua estrada.
As horas moribundas já curvadas
deslizam nos ossuários. Tenho medo.
Ó vida tão confusa e tão lidada,
ó sombra tão compacta e tão rochedo,
de mim que choro que é que resta? Nada
e nada e nada mais do que antecedo.
Antecedo-me, esbarro-me em mim mesmo.
Filiei-me à eternidade sem querer,
e agora vago como se vaga a esmo.
Verto-me em ilha, vejo-me nascer,
retiro dessa ilharga verdadeira
a minha perdição por companheira.
Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares, 23 de abril de 1893 — Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1953)
Ler do mesmo autor:
Minha Sombra
O Acendedor de Lampiões
Este Poema de Amor Não é Lamento
Distribuição Da Poesia
O Mundo do Menino Impossível
Sem comentários:
Enviar um comentário