Sonhos meus, suaves sonhos,
Sois melhores que a verdade;
Quando sonho sou ditosa,
Sem o ser na realidade.
Amor, tu vens nos meus sonhos
Acalmar-me o coração:
Mas, cruel! quanto prometes
Não passa de uma ilusão!
Sonhei, tirano, esta noite,
Sonhei que tu me chamavas,
E que sobre a relva branda
Tu mesmo me acalentavas.
Disseste-me: «Dorme, Alcipe,
Depõe todos os teus cuidados;
Amor sobre ti vigia,
Mal podes temer os fados.»
Dormi: neste dobre sono
Me achei num palácio de ouro;
Entregaram-me uma chave
Para que abrisse um tesouro.
– «Chave mágica, sublime,
Que me vais tu descobrir?
Se é menos do que desejo,
Será melhor não abrir...»
«Abre, Alcipe» – qual trovão
Brada o Deus que me vigia.
Acordei sobressaltada,
E abriu-se, mas foi o dia.
Marquesa de Alorna [D. Leonor de Almeida Lorena e Lencastre] (n. em Lisboa a 31 de Outubro de 1750; m. em Lisboa a 11 de Outubro de 1839)
Da mesma autora: Eu cantarei um dia da tristeza
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