Que aziago que foi, que dia infausto
Aquele, em que vi tua formosura!
Em que cheio de amor e de ternura
Esta alma te ofertei em holocausto!
Teus olhos m'o fizeram ter por fausto,
Teus belos olhos cheios de doçura,
Mas logo me fez ver minha loucura
Teu peito de rigores nunca exausto.
Ai! e quão mesquinho é, quão desgraçado
Aquele, que como as mostras vão se engana
De um angélico rosto sossegado!
Pois mil vezes encobre a vista humana
Qual áspide cruel florido prado,
Um coração uma alma desumana.
António Dinis da Cruz e Silva (n. em Lisboa a 4 Jul 1731, m. no Rio de Janeiro a 5 Out 1799)
Do mesmo autor:
É estas porventura a praia amena
Sem comentários:
Enviar um comentário