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2014-09-11

Nirvana - Antero de Quental

A Guerra Junqueiro

Para além do Universo luminoso,
Cheio de formas, de rumor, de lida,
De forças, de desejos e de vida,
Abre-se como um vácuo tenebroso.

A onda desse mar tumultuoso
Vem ali expirar, esmaecida...
Numa imobilidade indefinida
termina ali o ser, inerte, ocioso...

E quando o pensamento, assim absorto,
emerge a custo desse mundo morto
E torna a olhar as coisas naturais,

À bela luz da vida, ampla, infinita,
Só vê com tédio, em tudo quanto fita,
A ilusão e o vazio universais.


Sonetos (1861)

Antero Tarquínio de Quental (n. Ponta Delgada, S.Miguel, Açores a 18 de abril 1842; m. em Ponta Delgada, a 11 setembro 1891)

Ler do mesmo autor, neste blog:
Despondency
Visita
Idílio
Consulta
O Que Diz a Morte
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Versos escritos num exemplar das «Flores do Mal»
Velut Umbra
Pepa (excerto)
Palácio da Ventura
Mors-Amor

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