Goza a euforia do vôo do anjo perdido em ti
Não indagues se nossas estradas, tempo e vento
desabam no abismo.
Que sabes tu do fim?
Se temes que o teu mistério seja uma noite,
enche-o de estrelas.
Conserva a ilusão de que o teu vôo te leva sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão,
se pressentires que amanhã estarás mudo,
esgota, como um pássaro, as canções que tens na garganta.
Canta, canta para conservar uma ilusão de festa e de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste, não és mais que um vôo no tempo.
Rumo ao céu? Que importa a rota?
Voa e canta, enquanto resistirem as tuas asas.
Paulo Menotti del Picchia (nasceu em São Paulo, SP, em 20 de março de 1892, e faleceu na mesma cidade em 23 de agosto de 1988).
Ler do mesmo autor:
Germinal I
Chuva de Pedra;
Noite;
Piedosa Mentira;
Clássico;
Nirvana.
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