Quero enfim repousar,
quero enfim adormecer sobre a grande noite
da amada escurecida.
Apaguem todas as luzes,
apaguem o canto iluminado das mortalhas,
apaguem o próprio silêncio deste exílio
e a lembrança da amada escurecida.
Quero enfim repousar,
quero enfim adormecer sob a noite gelada,
sepultar o meu canto nas paredes eternas
pássaro louco prestes a descer às trevas abismais.
Quero enfim repousar,
eu o jamais sepultável dos poemas,
o que espera as visões da grande madrugada,
o que faz os teus olhos abertos compassivamente
para o grande retorno da amada escurecida.
Ruy Guilherme Paranatinga Barata (Santarém, 25 de junho de 1920 — São Paulo, 23 de abril de 1990)
Sem comentários:
Enviar um comentário