Leio o letreiro: - Aluga-se esta casa.
E ela viveu, aqui, risonha e bela,
como num quadro antigo de aquarela,
a cuja evocação meu ser se abrasa,
No deserto jardim, nem mais uma asa
de borboleta o roseiral constela.
E, ante o letreiro triste da janela,
de meus olhos o pranto se extravasa.
Recordo os nossos tímidos segredos...
Morrem lírios, em torno da calçada,
à míngua da carícia de seus dedos.
Tudo passou: o encanto, o amor, a glória...
A história desta casa abandonada
ainda é mais triste do que a minha história!
in Filgueiras Lima, Antologia Poética
Antônio Filgueiras Lima (Lavras da Mangabeira, Ceará, 21 de maio de 1909 - Fortaleza, 28 de Setembro de 1965)
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