Fujo de mim como um perfume antigo
foge ondulante e vago de um missal
e julgo um alma estranha andar comigo,
dizendo adeus a uma aventura irreal.
Sou transparência, chama pálida, ânsia,
última nau que abandonou o cais,
No alvor das minhas mãos chora a distância
proas rachadas, longes de ouro, ideais...
Sonho meu corpo como de um ausente,
náufrago e exsurjo dentro da memória,
acordo num jardim convalescente,
vago perdido em outros num jardim,
e sinto no clarão da última glória
a sombra do que sou morrer em mim...
Ronald de Carvalho (n. Rio de Janeiro, 16 de Maio de 1893 — m. Rio de Janeiro, 15 de Fevereiro de 1935).
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Anoitece
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