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2013-06-17

Quando Ouço Ao Telefone a Voz Que Brinca - António Franco Alexandre

Quando ouço ao telefone a voz que brinca
e canta, sem saber, os dias novos,
pouco me importam tempo, espaço, luas,
ou maneiras sequer de ser humano.
Vagueio pelo ar, e arranco estrelas
ao cenário sem fim do universo;
e faço pobres contas aos cabelos
depenados no chão, verso após verso.
Nada é real, senão o meu desejo,
nem sei de lei nenhuma que não dobre
a dura mansidão da tua boca;
inventou-nos um deus, para que seja
veloz o lume na manhã sem nome,
e chama viva a voz que nos consome.

in 366 Poemas que Falam de Amor, uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores

António Franco Alexandre nasceu em 17 de Junho de 1944, em Viseu.

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