Se não for pela poesia, como crer na eternidade?
Os ossos da noite doem nos mortos.
A chuva molha cidades que não existem.
O silêncio punge em cada ser acordado pelos cães invisíveis [do assombro.
Os ossos da noite doem nos vivos.
A escuridão lateja como um seio.
E uma voz (de onde vem?) repete incessante, incessantemente:
Se não for pela poesia, como crer na eternidade?
Alphonsus de Guimaraens Filho (Mariana, MG, 3.6.1918 — RJ, RJ, 28.8.2008)
Ler do mesmo autor, neste blog: Soneto da Ausência; O Poeta e o Poema
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