Imprecisa e grácil te imagino
Rasgando de esperança a noite enorme
E iluminando o coração soturno
Que mora, exilado, em mim.
Rasgando de esperança a noite enorme
E iluminando o coração soturno
Que mora, exilado, em mim.
Teu vulto vence a névoa do crepúsculo
e detém meus passos sem destino
A beira da noite hiante e pálida
Com, lá no fundo, a minha imagem
Desfigurada e triste, arrependida...
E tua lembrança é o perdão, a luz,
A vida que desponta nas raízes
Mais íntimas do ser.
Vens, irreal e presente, ao meu encontro,
Cabelos soltos ao vento da manhã,
E dos teus lábios desprende-se a Palavra...
Flui de teus olhos a música das fontes!
in «Poesia 71»,
Porto: Editorial Nova, 1972
Francisco Luís Amaro, nasceu em Aljustrel, em 05.05.1923
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