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2012-11-02

Suma Teológica - Jorge de Sena

Não vim de longe, meu amor, nem sossobraram
navios no alto mar, quando nasci.

Nada mudou. Continuaram as guerras;
continuou a subir o preço do pão;
continuaram os poetas, uma vez por outra,
a perguntar por ti.

É certo que, então, imensa gente
envelheceu instantânea e misteriosamente.

Mas até isso, meu amor, se não sabe ainda
se foi por minha causa,
se por causa de outros que terão nascido
ao mesmo tempo que eu.


in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI
Selecção, organização, introdução e notas: Jorge Reis e Rui Lage; Prefácio: Vasco da Graça Moura. Porto Editora, 2009.

Jorge Cândido de Sena (n. em Lisboa a 2 Nov 1919; m. em Santa Bárbara, Califórnia a 4 Jun 1978)

Ler neste blog do mesmo autor:
Carta a meus filhos sobre os fusilamentos de Goya
Glosa À Chegada do Outono
O Corpo Não Espera
Génesis VI
Entre-Distância
Amo-te muito meu amor
Como queiras amor
Fidelidade
A diferença que há...
Rígidos seios de redondas, brancas...

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