Não há no mundo quem amantes visse
que se quisessem como nos queremos...
Um dia, uma questiúncula tivemos
por um simples capricho, uma tolice.
«Acabemos com isto!», ela me disse
e eu respondi-lhe assim: «Pois acabemos!»
E fiz o que se faz em tais extremos:
tomei do meu chapéu com fanfarrice
e, tendo um gesto de desdém profundo,
saí cantarolando... (Está bem visto
que a forma, aí, contrafazia o fundo).
Escreveu-me... Voltei. Nem Deus, nem Cristo,
nem minha mãe, volvendo agora ao mundo,
eram capazes de acabar com isto!
Artur Nabantino Belo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís (MA) a 7 de Julho de 1855 e faleceu no Rio de Janeiro a 22 de Outubro de 1908. Era filho do cônsul português na capital do Maranhão e irmão do romancista Aluísio de Azevedo. Sem formação universitária, dedicou-se ao jornalismo e ao teatro, mas, no Ministério da Agricultura, ascendeu de amanuense a director-geral da Contabilidade. Foi, sobretudo, comediógrafo e contista. Como poeta, é um autor sarcástico.
Soneto e Nota biobliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.
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