Alma de artista, criador, o Mar
um dia, inspirado,
entrou de modelar com sábio jeito
o barro duro e quente e atrigueirado
talvez posto por Deus à sua frente
para ser modelado;
e ora com firmeza rude e brava,
ora com branda ternura,
o Mar foi modelando
a sua nova escultura...
A pouco e pouco então,
o barro duro e quente e atrigueirado,
foi-se doirando de beleza e graça
e foi tomando a forma fascinante
que uma só vez na vida se realiza:
E um dia, um dia, enfim,
tu surgiste, Galiza...
Mulher e feiticeira
de olhos compridos, carnes matinais,
tu és, terra de Além,
a tentação das almas siderais,
daquelas almas que andam pelo mundo
de olhar perdido, vago, procurando
a Pátria feminina do seu sonho
e com ela sonhando...
Mulher e feiticeira de alma céltica,
dada a mistérios e encantos
das mais longínquas eras e depois
rendida cristãmente à voz dos santos,
tu és a terra bendita
de que a minha alma, tua irmã, precisa,
tu és, terra de sonho,
Pátria da minha Pátria, a Galiza...
Da mesma autoria : Incitamento; Verbo
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