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2012-04-29

Deus - Nuno Júdice


À noite, há um ponto do corredor
em que um brilho ocasional faz lembrar
um pirilampo. Inclino-me para o apanhar
- e a sombra apaga-o. Então,
levanto-me: já sem a preocupação
de saber o que é esse brilho, ou
do que é reflexo.
Ali, no entanto, ficou
uma inquietação; e muito tempo depois,
sem me dar conta do motivo autêntico,
ainda me volto no corredor, procurando a luz
que já não existe.
(Meditação sobre ruínas)

Extraído de Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, um panorama
organização de Alberto da Costa e Silva e Alexei Bueno, Rio de Janeiro, Lacerda Editores

Nuno Júdice nasceu em Mexilhoeira Grande, Portimão a 29 de Abril de 1949

Ler do mesmo autor, neste blog: Equinócio; Carpe diem
Pedro Lembrando Inês

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