Veja-se: são águas verdades e profundas
de um mar imenso e indevassável. Vejo-as
depois escurecendo sob a noite
e ouço-lhes o gemido nos rochedos.
Sobre o impassível líquido soturno
dorso do mar que ao longe se retorce
outras águas em vão, de chuva doce
como inútil consolo se despejam.
Dentro da noite inteiramente escura
as, águas se misturam, confabulam
para a revolta em líquida linguagem.
Ai de vós, ai de vós margens e diques,
arrecifes, limites e rochedos,
se as águas de manhã vos atacarem.
Jorge Emílio Medauar, nasceu em Água Preta do Mocambo, actualmente Uruçuba, Ilhéus, Bahia, em 15 de abril de 1918. Faleceu em São Paulo, no dia 03 de junho de 2003.
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