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2012-01-07

Afinador de Poemas - Antonio Barahona

Agora já tem eco o som da chuva,
o assobiar dos Anjos rente ao vidro,
tudo, tudo tão nítido insinua
segredo ciciado ao meu ouvido.

Agora tem poder o som dos versos:
sílabas do Invisível pelas veias
que já desfraldam velas de navios
tão prestes a zarpar d’ignotas praias

antes que caia a tempestade com seus raios.
Escuto agora uma só voz e não me engano,
voz que nunca responde ao que pergunto:

devolve intacta a minha angústia e calafrios
de passarão de trilo dissonante:
ouvem-se quilhas de navios cortar o sangue.

António Manuel Baptista Barahona da Fonseca nasceu em Lisboa a 7 de Janeiro de 1939

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