
O louro chá no bule fumegando
  De Mandarins e Brâmanes cercado;
  Brilhante açúcar em torrões cortado;
  O leite na caneca branquejando;
  Vermelhas brasas alvo pão tostando;
  Ruiva manteiga em prato mui lavado;
  O gado feminino rebanhado,
  E o pisco Ganimedes apalpando:
  A ponto a mesa está de enxaropar-nos.
  Só falta que tu queiras, meu Sarmento,
  Com teus discretos ditos alegrar-nos.
  Se vens, ou caia chuva, ou brame o vento,
  Não pode a longa noite enfastiar-nos,
  Antes tudo será contentamento.
in Poemas Portugueses, Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage, Prefácio de Vasco da Graça Moura, Porto Editora
Pedro António Correia Garção (Lisboa, 13 de junho 1724 — Lisboa, 10 de novembro 1772
Ler do mesmo autor: Soneto: Comigo minha Mãe brincando um dia
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