Ramalhete animado, flor do vento,
Que alegremente teus ciúmes choras
Tu cantando teu mal, teu mal melhoras,
Eu chorando meu mal, meu mal aumento.
Eu digo minha dor ao sofrimento
Tu cantas teu pesar a quem namoras,
Tu esperas o bem todas as horas,
Eu tenho qualquer mal tudo o momento.
Ambos agora estamos padecendo
Por decreto cruel do deus menino;
Mas eu padeço mais só porque entendo.
Que é tão duro e cruel o meu destino
Que tu choras o mal que estás sofrendo,
Eu choro o mal que sofro e que imagino.
Francisco de Vasconcelos Coutinho (Funchal, 1665 - Funchal, 1723)
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