Vamos, pobre infeliz! Muda em asas teus braços!
Desfere o vôo teu, no anseio profundo,
Para o local que houver mais alto nos espaços,
Para o trecho do céu mais distante do mundo!
E uma vez lá chegando, errante e vagabundo,
Desta vida cruel liberta-te dos laços
E atira-te, a cantar, do precipício ao fundo...
Quero ver-te cair dividido em pedaços!
Morre como um herói! Deixa que o Meio brama!
Fecha o ouvido ao Elogio e os olhos fecha à Fama
E despreza da Inveja as pérfidas alfombras...
E morre, coração! Pois, ao morrer, enquanto
Tens Injustiças de uns, tens bênçãos de outro tanto...
– Morrerás como o Sol – entre Luzes e Sombras!
Inácio Xavier de Carvalho (nasceu em São Luís, Maranhão, em 26 de agosto de 1871, morreu no Rio de Janeiro em 17 de maio de 1944).
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