Não penso azul, nem verde, nem vermelho,
nenhuma cor vejo isoladamente:
quero a vida total, como um espelho
a que não falte flor, folha ou semente.
A natureza, neste abril redondo,
esconde formas, seres, linhas, cores,
aqui e ali bizarramente pondo
manchas involuntárias, multicores.
Recuso-me a adotar bandeira ou marca.
Nada escolho. O mistério natural
me envolve inteiro. Em tuas aquarelas
tudo renasce — como quem da barca
do dilúvio, depois do temporal,
visse de novo a terra das janelas...
Odylo de Moura Costa, Filho, nasceu em São Luís, Maranhão, a 14 de dezembro 1914; m. no Rio de Janeiro, a 19 de agosto de 1979)
Ler do mesmo autor, neste blog: Os Coelhinhos (poema infantil)
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