Alegre pintassilgo, flor vivente,
não cantes, lisonjeia um desgraçado;
suave fontezinha, alma do prado,
não corras, acompanha um descontente.
Vejo que entre essas ramas, livremente,
festivo zombas do meu triste fado;
julgo que entre essas penhas, sem cuidado,
murmuras, rindo, do que peno, ausente.
Mas já que corres livre, sem demoras,
bate essas asas, acelera o passo,
e vai saber de um bem que ausente adoro.
E se queres chegar em breves horas,
voa com estas penas que aqui passo,
corre com estas águas que aqui choro.
André Rodrigues de Matos nasceu em 1628 em Lisboa, onde faleceu a 17 de Agosto de 1698
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