Cobertos de folhagem, na verdura,
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem ter um só destroço,
O meu braço apertando-te a cintura;
Num mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco de mármore assentados,
Na sombra dos arbustos, que abraçados
Beijarão meigamente a tua trança.
Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos sensuais, sem más ideias,
Esquecendo p’ra sempre as nossas ceias,
E a loucura dos vinhos atrevidos.
Nós teremos então sobre os joelhos
Um livro que nos diga muitas cousas
Dos mistérios que estão p’ra além das lousas,
Onde havemos de entrar antes de velhos.
Outras vezes buscando distracção,
Leremos bons romances galhofeiros,
Gozaremos assim dias inteiros,
Formando unicamente um coração.
Beatos ou pagãos, vida à paxá,
Nós leremos, aceita este meu voto,
O Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo Cavaleiro de Faublas…
José Joaquim Cesário Verde ( n. em Lisboa a 25 de Fev 1855; m. Lisboa, 19 Jul 1886).
Ler ainda do mesmo autor, neste blog:
O Sentimento dum Ocidental - I Ave Marias
Noite Fechada
Cobertos de folhagem na verdura...
Arrojos
Lúbrica
CONTRARIEDADES
Nós III
Vaidosa
De Tarde
2 comentários:
Este banquinho é a nossa marca, quantas vezes ficamos juntinhos, contemplando o Luar, com muita ternura, carinho e muito amor, que jamais iremos esquecer, como tu me chamava nas cartinhas minha vida e hoje continuo a te dizer que tu és minha vida, bjo te amo
Obrigado pelos seus comentários cuja publicação, porém, tenho de evitar uma vez que não são apropriados e resulta de uma evidente confusão da sua parte. Não a conheço e sempre vivi em Portugal!
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