Há de um dia ter fim o meu tormento,
há de um dia acabar o meu martírio,
quando for do meu peito o último alento,
quando tiver na mão aceso um círio.
Quando empós do festim do verme, um lírio
da minha cova alçar-se ao firmamento,
e, exsudando em perfume o seu delírio,
subir aos astros num deslumbramento.
E feito essência, e feito cor e som,
livre das leis de peso e da atração,
na esfera gravitar do Excelso e Bom.
Para que, na assonia do Nirvana,
dissolvido no Todo o coração
chore a saudade da miséria humana.
poema extraído daqui
HUGO DE CARVALHO RAMOS, nasceu em 21 de maio de 1895, em Vila Boa, então Capital do Estado de Goiás, suicidou-se no Rio de Janeiro, no dia 12 de maio de 1921.
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