Faça grinaldas quem tiver amores,
De rosas e açucenas...
Amar é semear flores,
E colher penas!
Faça ramos d’estrelas quem amar!
Oh! Que lindas estrelas, que perfume
Da Vida nos caminhos!
Mas as estrelas têm lume,
As rosas têm espinhos!...
E queima como brasas
Poisadas sobre o peito
O Amor!...
- Colai, amantes, as fulgentes asas,
Que o céu coalhou-se d’oiro,
Como se fosse luminoso leito...
No longo bosque loiro
Do teu cabelo, uma ave multicor
Poisa a cantar...
O teu olhar sorriu,
Tua boca floriu,
Andam os anjos todos a voar...
As árvores da selva
Cobrem-te, e as fontes choram
Segredos entre a relva.
E enquanto, minha Amada,
As tuas faces coram,
As ninfas da floresta,
Junto à nascente clara e sossegada,
Do Amor na eterna festa,
Todas cochicham, entrançando ramos
P’ra nós, que nos amamos!...
Júlio Brandão, O Jardim da Morte (1898)
Júlio Sousa Brandão nasceu em Famalicão a 9 de Agosto de 1869 e morreu a 9 de Abril de 1947 no Porto
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