É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa...
Mas o sangue da luz em cada folha.
Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda
Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima...
...................................................
E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas... O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego.
Poema extraído daqui
Pedro Militão Kilkerry (n. em Salvador (BA), a 10 de Março de 1885: m. em 25 de Mar. 1917)
Ler do mesmo autor: Ritmo Eterno; Folhas da Alma
1 comentário:
AMIGO
Gostei do "Silêncio" de Pedro.
Talvez porque envelheço, sinto uma enorme nostalgia...
Devaneios!!!
com rede, sem rede, temos que continuar o nosso percurso.
Haja saúde e esperança!
O meu último post do blog "Deabrilemdiante" é para comemorar os 30.000 VISITANTES.
Pelo menos no Sitemeter diz que hoje já vai em 30,037 visitors.
Uma continuação do Kalinka; ainda hoje há quem se lembre de mim como kalinka e quem me chame carinhosamente "kalinka".
Hoje recordo a Madrinha do kalinka, a minha sobrinha Tânia.
Partiu há 2 anos.
Descanse em Paz!
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