Nenhum corpo mais lácteo e sem defeito
Mais róseo, escultural e feminino,
Pode igualar-se ao seu, branco e divino
Imóvel, nú, sobre o comprido leito! -
Nada te iguala! O ferro do assassino
Podia, hoje, matá-la, que o meu peito
Seria o esquife embalsamado e fino
D'aquele corpo sem rival, perfeito.
Por isso é muito altiva e apetecida; -
E o gozo sensual de a ver vencida
Há-de ser forte, estranho e singular...
Como o das coisas dignas de castigo;
- Ou d'um amante sacerdote antigo,
Derrubando uma deusa d'um altar.
in 'Claridades do Sul'
António Gomes Leal (n. em Lisboa a 6 Jun 1848; m. 29 Jan 1921)
Ler do mesmo autor, neste blog:
O Amor do Vermelho (Nevrose de um Lord)
A Lady
Romantismo
Som e Cor
O Visionário ou Som e Cor III
Cantiga de Campo
À Janela do Ocidente
1 comentário:
Que belo soneto, meu amigo! Esbanja sensualidade e beleza! Bom fim de semana! Beijos
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