Cansado de ser homem durante o dia inteiro
chego à noite com os olhos rasos de água.
Posso então deitar-me ao pé do teu retrato,
entrar dentro de ti como um bosque.
É a hora de fazer milagres:
posso ressuscitar os mortos e trazê-los
a este quarto branco e despovoado,
onde entro sempre pela primeira vez,
para falarmos das grandes searas de trigo
afogadas na luz do amanhecer.
Posso prometer uma viagem ao paraíso
a quem se estender ao pé de mim,
ou deixar uma lágrima nos meus olhos
ser toda a nostalgia das areias.
in Poesia, Eugénio de Andrade, Fundação Eugénio de Andrade
Eugénio de Andrade (nasceu em Póvoa de Atalaia a 19 Jan. 1923; m. no Porto a 13 Jun. 2005)
Do mesmo autor ler neste blog:
Canção
Hoje deitei-me ao lado da minha solidão
To A Green God
Urgentemente - Eugénio de Andrade
Adeus - Eugénio de Andrade
Eugenio de Andrade - poems in English
Pequena elegia de Setembro - Eugénio de Andrade
Às vezes tu dizias ... - Eugénio de Andrade
Poema-XVIII- Eugénio de Andrade
Os amantes sem dinheiro
As amoras - Eugénio de Andrade
Post Scriptum - Eugénio de Andrade
1 comentário:
Ai que coisa mais linda me deixaste ler agora...
Obrigada!
:)
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