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2011-01-20

AO PERDER-TE - Ernesto Cardenal

1.
Ao perder-te a ti perdemos os dois
eu porque tu eras o que eu mais amava
e tu porque eu era quem mais te amava.
Mas de nós os dois és tu quem perde mais
porque eu poderei amar outras como te amava a ti.
Mas a ti não te hão-de amar como eu te amava

2.
Contaram-me que estavas apaixonada por outro
e então fui para o meu quarto
e escrevi um artigo contra o governo
razão pela qual estou preso

in Qual é a Minha ou a Tua Língua. Cem poemas de amor de outras línguas. Organização de Jorge Sousa Braga, Assírio & Alvim

Ernesto Cardenal Martínez (nasceu em 20 de janeiro de 1925 em Granada na Nicarágua).

PS: quando se tem desgostos de amor apetece escrever contra o governo e vai-se preso

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