Vê, sobre ti, ó fonte, o canto das flores
Que um deus a mais desencantou.
E sê para elas o sono
Que sonham em dias trêmulos de gênios.
Águas celestes caem despindo os vergéis,
E após, um sol antigo surge com o vento da morte.
Perseguindo o deus a mais, que com saudade tanta
Vem cobrir — espelho de prata — as ninfas exorcisadas.
A primavera afasta-se. Afastam-se os alegres sinais
Do amor, e agora as tristes flores sem pólen
Cantam à fonte desenganadas.
A noite é mais densa e mais forte
Que as primitivas noites de pedra sem hera.
Sê, fonte, apenas um desejo.
Cyro Pimentel (nasceu em 22 de outubro de 1926 em São Paulo (SP); m. em São Paulo (SP) a 7 de Fevereiro de 2008)
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