Viver não dói. O que dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.
Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.
Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.
Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.
Que tudo o mais é perdido.
Extraído daqui
Emílio Guimarães Moura (n. 14 de agosto de 1902, Dores do Indaiá — m. 28 de setembro de 1971, Belo Horizonte)
Ler do mesmo autor neste blog: Sombras Fraternas
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